a sombra do som
é silêncio
de luz
poesia - fabio rocha
09/05/2024
sonata de tóquio (o rosto dela rima com tudo)
30/04/2024
inteligência artificial e racionalidade limitada
e estão piorando
antigamente você comia batata e
saía da tabuada pra única faculdade da vida toda
da faculdade pro mesmo emprego a vida toda
do emprego pro casamento da vida toda
e do casamento pra tumba
(pronto. ponto.)
agora batata tem carboidrato
adolescentes tem celular
adolescentes com 60 anos na casa dos pais
celular tem adolescentes
faculdade quem faz dirige uber
mil empregos mil teorias mil seguidores mil coachs (nenhum sossego)
e todo casamento vira tumba
ao mesmo tempo de alguma outra coisa
(esqueci olhando o celular)
26/04/2024
poeta bom, meu bem, poeta morto (zona de interesse)
caminho na praia sem sair do lugar
(o dinheiro como valor de todas as coisas)
o filme martelando os passos:
as faxineiras limpando as botas sujas de sangue dos nazistas
as faxineiras limpando o museu do holocausto
as faxineiras limpando nossas casas
(mais felizes que nós?)
os indígenas morrem
a inflação aumenta
o poema nasce
(compre bitcoin)
23/04/2024
resumo da vida administrativa administrada
eu minto em pesquisas de satisfação:
vejo defeito em tudo
mas não perco o coffee break do próximo treinamento
10/04/2024
rest in peace (o que resta)
a infância se foi mas ainda consigo escrever
o amor se foi mas ainda consigo esperar
05/04/2024
líquidos
os amores
possíveis:
os impossíveis
14/03/2024
nutrólogo
o pão aumenta minha fome
(a farinha, a batata, o arroz, o açúcar...)
perdi 20 quilos e a paciência
com tantos milionários no youtube querendo me vender curso
(foco na alta do bitcoin)
22/02/2024
ambos com um sorriso lindo
e se a paixão for ver o imaginário realizado?
mesmo que passe
mesmo que mude
mesmo que acabe
ambos com um sorriso lindo
14/02/2024
fatalidade (arte)
um novo olhar
como um arrepio de magia
breve
muito breve
e voltar a rimar com banalidade
20/01/2024
frances ha (a indesejada das gentes ou o crepúsculo de todos os nossos dias)
o estar em comunhão com alguém
e você se apaixona pela personagem, pelo filme, pela vida
e busca no google o nome da atriz
e vê que é casada
como aquelas músicas tão tristes que são bonitas
tão bonitas que são tristes
como aquela pintura de matisse
de uma rua em acruiel que nos adivinha o crepúsculo
(sem nenhuma pessoa)
como o mais profundo desamparo
08/01/2024
rimas em ar
a dor no ombro pode ser no videogame
e de atender online
e de digitar poemas
e de respirar
nessas infinitas possibilidades
após reclamar melhoro
estranho uma nesga de felicidade solar
caminhando e suando pelo bairro quente
sem um flerte para motivar
05/01/2024
os dez livros de pedrobial com capa dura
um rio de lava
querendo romper crostas
rio
o poema erupe do sonho
(espinha)
pedrobial dava aula e conversava comigo
como se fosse íntimo
e fala do seu livro
e eu pego na livraria
e reclamo do excesso de opções de produtos em todos os cantos
para ser filosófico
(todos concordam)
pedrobial fala mais do seu novo livro com capa dura e imagens
folheio e elogio as gravuras
acho a poesia direta e curta e digo
ele explica que continua na próxima página
e na verdade são doze livro de cem páginas de um poema só
e disfarço e pergunto ao cara da xerox da ufrj que abandonei o preço:
(abandono o livro e o pedrobial pra ir pra próxima aula)
antes pergunto se tá vendendo bem
pois meus livros sempre venderam muito pouco pros meus planos de grandiosidade
ele ainda diz: isso irmana os poetas
pra próxima sala
a professora começa a ler um trecho de algo absolutamente dela
e meu coração se abre e ouve
e tudo é ela
acho que nessa hora eu era o indianajones
e a menina grávida a meu lado com a mãe ajudando com o bebê
se decepciona comigo e levanta dando ataque com a matriarca
e eu vou pro fundo da sala
na esquerda
focar no filme que passa no quadro negro
com outros alunos alheios à cena
tentando parecer intelectuais focados
os banheiros da faraônica ufrj são feios e sujos
tudo é longe
mas volto do sonho pra cama e pro poema digitado
lembrando de bukowski chutando a novinha
e digitando com vontade de
acordar
03/01/2024
21/12/2023
o ano finda
o ano finda
não a minha vida
mesmo assim não sei de onde
este medo nas entranhas
e a chegada vã de doenças estranhas
preparo o site caso eu morra
os blogs os livros as redes sociais
(corro as camisetas e feliznatais)
e todo ano corvo
(novo e de novo e de novo)
me preparo e não morro