24/04/2017

poexisto

escrevo e crio
poesio:
o cravo brigou com a rosa
no apartamento vazio

poexisto
mas o povão só entende prosa

(então reclamo longamente
do hábito nosso de reclamar sem rimar)

cavo sete oceanos
para chegar perto do que creio
cavo mudo
e perto do deserto
mudo

quem muda?
- eu

existo em pó e delírio
resisto e crio
mas quem?
- eu

o eu é uma placa dourada
debaixo de um sacada
debaixo de uma coroa
querendo estar certo
querendo star
querendo fazer curso de fotografia
pra poder fotografar mulheres lindas e querer mais um pouco

o eu é um louco
querendo querer
(pulsão e tesão - Freud acharia bom)

o eu é uma faixa amarela
gravada com o nome dela
olhando outras cores e faixas e nomes
sem deixar de ser uma faixa amarela
gravada com o nome dela

o eu é um chato agarrado a um hiato
na chuva sublime que ele não sente
porque pensa e teoriza sobre a sublimidade da chuva

o eu é um chato
que prefere ser chato
do que não ser

e o caminho é não ser

(ele vê isso
mas finge que não vê)

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