09/06/2016

castelos (a boca seca de sahel farzan)

vasculho a terra
meses depois
ainda com mãos em terremoto
e excesso de coração

dentro do escombro
abaixo do ombro
nada

absolutamente nada
pacificou a ilusão separada
de um peito
carne
sangue
e raiva
(minha)

as unhas pretas adivinham
a inutilidade de investigações
detalhes
inquéritos
piscinas

desculpo os políticos
os hemofílicos
os artísticos

pois chove

todas as provas
apontam o mesmo culpado:
o mesmo caminho
errado

onde ecoam agora
os gritos vãos
de nossos antepassados?

quem percebe a diferença
entre a pedra e a tartaruga?

na tempestade lá fora
onde a noite esconde estrelas
há faróis cada vez mais visíveis
longe do estéril turbilhão das ruas

você lento e curvo vai
mas
você ainda olha
pra trás
(e se perde)

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