"De repente a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua que vai ficando no caminho" - Cazuza
eu rezo à raiva que se esgota
l-e-n-t-a-m-e-n-t-e
em minha azia
que a semana passe
o mês passe
o ano passe
o livro acabe
mas a cada dia
renasce
o tempo
minhas infinitas histórias
e a primazia de palavras e poemas
(que não reconheço)
desfaço o laço do começo
com a lembrança do pior fim
vejo no oito deitado
apenas um infinito:
dor enfim
respiro morcegos
querendo ser cego
e não ter visto
o cisco em mim
há uma grande distância
entra a onda
o oceano
e a ânsia de vômito
há a lama
a vale do rio doce matando peixes
e, do outro lado, paris bombardeando crianças...
há tudo isso em cada um de nós:
descontrole
imprevisibilidade
o infinito que dói
assim percorro com teclados
a palavra
insolúvel
tudo o que eu já sabia
mas não consigo sentir:
desistir do mundo
do oceano
de suas rimas
espumas
mentiras
sigo herói quase sem eu
da última construção destruída
entre a onda e o mar
querendo ainda acreditar
em contos de fadas
e canções de ninar
(mas não conseguindo)
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