26/12/2014

férias

passado o natal
deixo a manhã passar ao sol
sem apressar ou distrair os retalhos do azul

detalho: árvores balançam na brisa
na rua mesma, tão outra
tão em paz

pastam ar
uns urubus no alto
enquanto deixo passar o asfalto do trabalho

sinto o fruto do silêncio:
palavras escritas esperando folhas brancas
(pesam)

adio amadurecer
enquanto musas adiam meus sonhos românticos seus
(rezo)

vejo sem agarrar os futuros possíveis
e lembro o espaço que havia no passado
o mesmo espaço que ainda há
que sempre haverá

com mãos leves
adio tudo
(até deus)

e nesse espaço breve sem sons
fora o cheiro do bronzeador
fora o vulto da menina na piscina
fora reflexos e reflexões ondas afora

suo e sou
agora



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