teus chinelos no chão
são mais que poemas vãos
quero só o presente
este presente diário da vida minha
nossos detalhes ínfimos, íntimos
as rotinas de banheiro, quarto e cozinha
quero é essa casa, nosso castelo
construído com convívio de décadas
elos de suavidade
por exemplo, adivinhar meu pensamento
(e eu o seu)
pelo mínimo movimento de uma ruga
meu sossego
sossegando o seu
bordar ternura
com silêncio e cuidado
enquanto lá fora, um mundo gelado
se multiplica em pressa
quero apenas essa comunhão
sem precisar de corpos:
nossas palavras ecoando pelos cômodos
celebrando desde sempre nosso encontro
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